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Terapia de Sandplay

O sandplay é um método de psicoterapia que utiliza uma caixa ou tabuleiro com areia, água e miniaturas para a construção de cenas. Portanto, é um método eminentemente não verbal, que se utiliza e promove a função da imagem e da imaginação no desenvolvimento e na cura da psique.

A base teórica do método é junguiana, que em seu postulado reconhece a importância da criatividade como uma função essencial para o crescimento, equilíbrio e harmonia da personalidade. Esta é uma das funções primordiais do brincar no ser humano. Por isto o nome sandplay, que se traduz literalmente como “brincar na areia”.

Usando a areia e as miniaturas, o paciente de qualquer idade é incentivado a se reconectar com o seu espírito lúdico e sua criatividade, e desse modo muitas feridas psicológicas podem ser expressas, reconhecidas e elaboradas.

Há uma dimensão psicofísica no sandplay – atinge a nossa totalidade corpo/psique. Ao mexer e moldar a areia, misturar com água, percorrer as estantes de miniaturas e construir cenas na areia, estamos lidando com essa totalidade. Por este motivo, esse método pode acessar partes do cérebro que as terapias exclusivamente verbais têm mais dificuldade em alcançar. Pesquisas clínicas apontam evidências de que trata-se de um método muito eficiente para o tratamento de traumas e de doenças psicossomáticas.

O sandplay foi criado pela suíça Dora Kalff ( 1904 - 1990). Em busca de ampliar conhecimentos a respeito de tratamento de crianças, Dora Kalff foi a Londres no ano de 1956 estudar com Margareth Lowenfeld, uma pediatra e terapeuta infantil que havia criado a “Técnica do Mundo”, onde já utilizava uma caixa de areia e brinquedos em miniatura para que as crianças expressassem os seus “mundos”. Ainda em Londres, entrou em contato com Donald Winnicott e Michael Fordham, também estudiosos do desenvolvimento infantil.

De volta à Suíça, Dora Kalff integrou a idéia de Margareth Lowenfeld à sua formação junguiana, dando origem ao método de sandplay.

Com o passar do tempo, foi possível reconhecer que a série de imagens criadas na areia expressava um desenvolvimento psicológico que apontava em direção à integração e à cura, e então Kalff passou a utilizá-lo para pacientes de todas as idades e difundi-lo ao redor do mundo. Dora Kalff cunhou um conceito central ao sandplay, que é o “espaço livre e protegido” – este espaço se refere tanto ao espaço físico em si da caixa de areia e da sala de atendimento, quanto ao relacionamento terapêutico, que tem a função de promover simultaneamente liberdade e proteção para que o processo possa ocorrer.

Conforme o interesse no método foi se ampliando, surgiu a necessidade de fundar uma instituição para o ensino do sandplay e para a formação de terapeutas. Em 1985 um grupo de 14 analistas de várias partes do mundo (Suíça, Estados Unidos, Itália, Inglaterra, e Japão) deram início à ISST – International Society for Sandplay Therapy.

Desde então, a utilização do sandplay tem crescido ao redor do mundo, com a fundação de diversas sociedades afiliadas em diferentes partes do mundo.

Dora Kalff, verão de 1988. Fotos gentilmente cedidas por Betty Jackson e Dyane Sherwood.